domingo, 5 de julho de 2015

Recolhimento

Situações inesperadas nos tiram do prumo e, muitas vezes nos perdemos em sentimentos tristes e melancólicos, que nos levam ao recolhimento.
E… As palavras somem!
Peço desculpas àqueles que visitam meu blog pela ausência.
Espero em breve retornar com postagens alegres, criativas e inspiradoras.
Tenham um lindo e abençoado domingo!
Obrigada por sua visita!

Beijos

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quarta-feira, 1 de julho de 2015

Manhã de Inverno

Coroada de névoas, surge a aurora 
Por detrás das montanhas do oriente;
Vê-se um resto de sono e de preguiça,
Nos olhos da fantástica indolente.

Névoas enchem de um lado e de outro os morros
Tristes como sinceras sepulturas,
Essas que têm por simples ornamento
Puras capelas, lágrimas mais puras.

A custo rompe o sol; a custo invade
O espaço todo branco; e a luz brilhante
Fulge através do espesso nevoeiro,
Como através de um véu fulge o diamante.

Vento frio, mas brando, agita as folhas
Das laranjeiras úmidas da chuva;
Erma de flores, curva a planta o colo,
E o chão recebe o pranto da viúva.

Gelo não cobre o dorso das montanhas,
Nem enche as folhas trêmulas a neve;
Galhardo moço, o inverno deste clima
Na verde palma a sua história escreve.

Pouco a pouco, dissipam-se no espaço
As névoas da manhã; já pelos montes
Vão subindo as que encheram todo o vale;
Já se vão descobrindo os horizontes.

Sobe de todo o pano; eis aparece
Da natureza o esplêndido cenário;
Tudo ali preparou co’os sábios olhos
A suprema ciência do empresário.

Canta a orquestra dos pássaros no mato
A sinfonia alpestre, — a voz serena
Acordo os ecos tímidos do vale;
E a divina comédia invade a cena.


Machado de Assis, in 'Falenas'
 



Beijos